quarta-feira, 1 de julho de 2009

Eis que volto de férias e para minha surpresa descubro que a BBC trouxe de volta a comédia negra cujos personagens estranhos e fantásticos tanto me repugnam como me atraem. Pois bem, Psychoville é a nova série criada pelos fantásticos Reece Shearsmith e Steve Pemberton, ex-escritores da saudosa Liga de Cavalheiros. E desta vez não vêm sozinhos: adicionaram a Dawn French e outros nomes que prometem perturbar a nossa mente com um humor que questiona o nosso bom gosto.



Para quem nunca viu a League of Gentlemen aqui fica o aviso: esta não é uma comédia para os fracos de coração (ou estômago). Mas como diria uma amiga minha, "It's fucking brilliant. Just have to give it a little time". Pois bem. My thoughts exactly. O estilo comédia de horror não é para todos, mas se a semearmos e a nutrirmos, desenvolve-se em algo magnifico.

Psychoville, que até agora conta com dois episódios, é um thriller cómico que se centra em cinco personagens que recebem uma carta com a enigmática mensagem "Sei o que fizeste". Joy é a enfermeira encarregue de dar aulas de Lamaze que crê ter num boneco Freddy, um bebé; Lomax é um idoso solitário e cego que colecciona as suas... hummm... preciosidades; Mr. Jelly é um palhaço maneta bem ao tom do Krusty the clown; Robert é um anão telepata, com um segredo de gente crescida; e David um obcecado pelo assassinato em série que vive com a mãe. O que terão em comum para receber tal carta? Esse parece ser o mistério desta promissora série.


Espero que gostem!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Låt den rätte komma in AKA Let the Right One In




Låt den rätte komma in AKA Let the Right One In 7.9/10


Porque é que um filme parado, de baixo custo, com actores virtualmente desconhecidos, um assunto batido e, ainda por cima em sueco, é um bom filme?

Antes de mais, acho que há algo de assustador em crianças más, ou a cometerem actos maus. Desde o The Good Son, o The Omen, a Entrevista com o Vampiro ao Eden Lake, todos insinuam que a ideia de algo inocente fazer algo assustador, torna tudo ainda mais assustador. Este é a base em que este filme de vampiros se funda. E não me refiro só aos vampiros, algo que também é perturbante, mas a um ambiente opressor de "Bullying".
A amizade entre um menino e uma menina vulgar é o ponto de partida. As alusão 'vampirescas' vêm devagar e súbteis, obviando-se, ao longo do filme, nalgum ambiente de terror. Mas este filme é um drama. A fotografia denuncia-o, os silêncios denunciam-no. O modo de vida simplifica-se ás necessidades mais baixas, inclusivamente à necessidade de aceitação pelo outro. E esta razura das necessidades, torna o estado de vampiro mais primário e cru e logo mais credível.
Sem querer dar spoilers, posso dizer que quando terminei de ver o Låt den rätte komma in coloquei num canal qualquer e estava a dar o Blade. Um deles! A antítese não podia ser maior: efeitos visuais, efeitos sonoros, cor, drama (aka acção), maquilhagem tudo muito hollyodesco, por um lado; por outro, simplicidade, sobriedade, cores neutras, gore pontual e efeitos subtis que enquadram com beleza e arte, um tema tão feio.

Este é um bom filme porque é Sueco (e não produto de Hollywood), porque mostra um assunto banal, mas com uma faceta humana, primária e através de personagens invulgares, retratados por actores desconhecidos e, eles próprios, peculiares, mas nem por isso menos carismáticos, sem milhares de efeitos visuais desnecessários para transmitir o essencial e o que parece mais real (e assustador), e porque é no silencio e nas imagens bem idealizadas, que só desvela o que pretende, que vimos o que há de assustador no mundo real e no sobrenatural.

Apenas o título me intriga : Let the right on in? Deixa/em entrar o certo/escolhido?

sábado, 9 de maio de 2009



Stargate: Director's cut 7.7/10


Fui ver este filme com a disposição de contrariar as minhas expectativa de adolescente deste filme. Sabem, aquelas espectactivas que o enaltecem, da mesma forma que alguns velhotes elogiam Salazar, uma visão desfocada e embelezada pelo tempo? E assim o comecei a ver, aquele filme que aos dezasseis anitos parecia o máximo. Eram um daqueles que tinha na lista "para substituir VHS's bolorentas"...

A verdade é que senti muito daquilo o que me pareceu na altura. Muito do Oh! e muito do "grande ideia". Eu lembrava-me muito do filme, o que, no meu dicionário, significa ser um bom filme. Se o esqueci, provavelmente não é assim tão bom como isso. Mas mesmo assim, apesar daquele começo datado à transição dos oitenta para noventa, este filme é intemporal. Basta passar pelo portão das estrelas que o filme muda de tom, de cor e energia. Os efeitos visuais transformam, a partir deste ponto, uma história militar, numa história de ficção-fantasia, um planeta distante, exótico, fundado num mito tão grandioso como a nossa própria história enquanto humanos: a mitologia egípcia.
Assim, preenchendo a nossa mente com um novo imaginário esta é uma história visionária. É um filme que daqui a uns anos sem dúvida terá um remake apesar de não o precisar. Mas vai ser mais fácil para os putos aceitarem uma máquina fotográfica digital que uma reflex manual, com toda a tecnologia que rodeia os personagens...

É um filme de acção. Old school. Explosões, socos, porrada valente. Mas é muito mais que isso. Talvez tenha perdido uns pontos com o tempo, vícios da nova tecnologia, mas os ingredientes para uma história intemporal estão lá. Não é à toa que fizeram uma série inteira à volta dele. E este filme, por si só, vale 20 séries destas.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Resident Evil (2002)




Resident Evil 7.6/10 (dentro do estilo terror 8.8/10)

Gosto muito deste filme. Parece-me que à excepção do Silent Hill é a única boa adaptação de um jogo ao cinema. Tenho de dizer que nunca joguei o RE, nem o Code Veronica nem nenhum deles, mas vi várias vezes o meu cunhado jogar. Não que não gostasse do jogo, mas apenas achei que era um tipo de jogo demasiado sombrio e assustador para mim (que jogo maioritariamente de noite). Mas do que vi, acho que este filme excede as expectativas, dando-nos uma história que agrada tanto a gamers como a não jogadores.
É um filme de terror. E como filme de terror, não pode ter aquela dimensão profunda que outros tipos de filme pode abordar, mas é, sem dúvida, um filme que aproveita um bom tema, de um modo realístico, e com isto quero dizer, com possibilidades tecnológicas reais e não demasiadamente Si-fi. As interpretações femininas são fabulosas: tanto a Milla Jovovich, como a Rodriguez são os pontos fortes das interpretações. Aquelas mulheres foram feitas para darem grandes coças a quem se puser no seu caminho. Os cenários oscilam entre o amplo, o vazio, o silencio, para o claustrofóbico, ameaçador e caótico. Os monstros são bem concebidos e pelo que me lembro dos jogos, fieis ao conceito original. O mistério envolve toda a história que de uma amnésia se desenvolve para um desenrolar de acontecimentos inesperados. E tem, aquilo que faz um óptimo filme de terror: pelo menos uma morte completamente inovadora para a época (a morte do comandante do corredor para o núcleo da Red Queen ). Entretanto já vi a utilização daquela morte que é sem dúvida épica, mas para a altura, foi um Uauh!. Até a banda sonora apoia este filme de modo a criar um suspense que nos deixa pendendo a todos os passos dos personagens. Como se não bastasse, tem um fim claramente desesperante (que na altura me deixou com a ideia que podia ser um óptimo inicio par o 28 days later não fossem os zombies completamente diferentes (estes à moda dos zombies dos anos oitenta, os outros ,raivosos). Mas pronto, como sabem, não foi essa a história que decidiram continuar nas sequelas...

Resident Evil: Apocalypse 6 /10

Eu já da outra vez que vi os resi' também não tinha gostado tanto deste filme como dos outros .A única razão que me ocorre é mesmo a falta rigor para com a história. O facto de mortos, num cemitério, se levantarem, infectados... foi mesmo um erro crasso. E mesmo no fim, a morte do Dr. Ashford foi através de uma arma, e não pela infecção. E mesmo assim ele zombifica. Logo aí... Não é coerente. De outra forma, até tem pormenores interessantes, personagens carismáticas e um argumento cativante.

Resident Evil: Extinction 7.4/10

Completei assim a trilogia do Resident Evil, ainda com o Resident Evil: Degeneration fresquinho na mente, e sinceramente gostei muito de vê-los sequencialmente (forma que me parece terem sido feitos para serem vistos).

Extinction é uma sequela bem feita. Apesar de não ter toda a acção do segundo (nem precisa) tem um bom argumento, bons cenários, personagens cativantes e de certa forma uma história antagonicamente desesperante e esperançosa. Isto é, apesar de a terra estar a entrar em colapso, dos humanos estarem a extinguirem-se, a possibilidade de um possível refúgio e de uma Alice psiónica e com uma missão de vingança trás-nos algum conforto, no meio do desespero da morte que rodeia os personagens. A morte vem na forma dos Zombies, mas também do deserto. E é alada. Aliás, Hitchcock foi um homem muito à frente do seu tempo e há muito intertextualidade entre The Birds e a representação dos corvos neste filme. E não me parece que seja uma ligação fortuita, mas mais uma espécie de homenagem, uma prova que velhas fórmulas ainda resultam em novos produtos. Com velhos e novos monstros (exemplo da mutação do Dr. Isaacs) existe uma ligação profunda ao jogos (que devo dizer que fiquei com vontade de conhecer a história), e é uma boa trilogia a (para quem gosta do estilo) adquirir.

PS. Falando com outros ávidos fãs do RE, fiquei a saber a coisa dos mortos se levantarem, no II, tem a ver com a contaminação que é transmitida pelo ar. Só depois da morte é que evolve para o estado não morto, logo Zombie. Como é explicado pela Red Queen, na colmeia, no I RE. A partir do momento em que quebram o selo da colmeia, no II, a contaminação passa para a Rackon City e contamina até os mortos no cemitério. Enfim, uma explicação que não me convence, mas uma explicação.

PS2. Pergunta: No RE-Apocalypse a Alice cai no Helicóptero e enquanto os outros personagens fogem, safam-se, whatever, ela é recuperada num 'bodybag', i.e., morta. Depois vai lá o Dr. Isaacs e leva-a para um laboratório onde ela "renasce" numa daquelas bolhas de liquido amniótico (?!). A pergunta é: ela é recuperada, reanimada ou já um clone? É que no III a Alice do deserto é o projecto Alice, essencial e a única com anticorpos para o vírus.


sábado, 18 de abril de 2009

Slumdog Millionaire

Slumdog Millionaire





Este filme foi uma surpresa sem o ser. Não podia ter ganho tantos prémios por nada. E de certeza que não seria por ter o Quem quer ser Milionário como tema. Isso eu sabia. E também sabia que retratava um estrato social terrível da sociedade da Índia. O que eu não sabia é a brutalidade que é expressa neste filme, realizada com uma sensibilidade que só, talvez, o Danny Boyle poderia ter transmitido.

Este é um filme muito muito inteligente, mas contado de uma forma simples e acessível. É distante e ao mesmo tempo, profundamente identificante, ou pelo menos faz-nos identificarmos-nos a nós, por aquilo em que acreditamos, pelo que nos defendemos, por aquilo que nos distingue como uma identidade globalizada, de primeiro mundo e evoluída. Mexe com com os sentidos e com o que nos compele a nós, humanos, cultura e civilização. O dinheiro? O amor? A fé? A ingenuidade? A persistência? O destino? Mas complico.

Esta é uma história que vai ser vista através dos tempos com o mesmo interesse de hoje. Esperemos que com mais distanciamento pela dissolução destes comportamentos. Este é o verdadeiro teste das obras primas: o gosto através dos tempos. Uma história visualmente bonita, suja, desagradável, perfeita, veloz, intemporal e transfronteiriça. E acima de tudo real. Ou pelo menos com uma realidade incorporada que todos sabemos que existe mas é melhor não saber.

Com excelente casting e interpretações, uma banda sonora espectacular e um guião fabuloso, é mesmo singular e obrigatório ver este filme.

Atribuo uma cotação de 9.4/10






Bónus: Melhor música (óscar2009), genérico final.




sábado, 7 de março de 2009

The Butterfly Effect : Director's cut


The Butterfly Effect : Director's cut

Já tinha visto este filme à uns 4 anos e na altura achei-o espectacular. Nenhum dos meu amigo tinham sequer ouvido falar neste filme e quando ouviam falar no Ashton Kutcher muito menos interesse ficavam em vê-lo. Mas foi algo que sempre me ficou na ideia, e para mim, toda aquela possibilidade sobrenatural era fantástica e, no seu próprio sentido, credível. Tudo o que se sucedia, depois de um início algo baralhante, era tão inesperado e perfeito que foi daqueles que ficou para mim, orgulhosamente solitária, como aquele filme que vale a pena ver (e rever). E como todos os bons filme era daqueles que quando apanhasse a um bom preço em DVD compraria.
Consegui comprar o Director's CuT deste filme a 5€48 e tive a oportunidade hoje de ver novamente o filme com o meu namorado que nunca viu (ele estava relutante e achava que queria um bocado mais de emoção e horror como sempre) e eis que, para meu espanto, este filme era de facto algo diferente, com um final diferente. E apesar de trazer dois finais alternativos, nenhuma das três versões era a minha, original, isto é, a release que saiu dos estúdios para apresentação cinematográfica comercial. Nada que tivesse empobrecido o filme, pelo contrário. Apesar de ter visto o filme novamente como o tufão que ele é, apenas teve três finais refrescantes.
Na verdade eu preferi a primeira versão, a que saiu nos cinemas, a cuja esperança é inútil, mas esta é também interessante e bem feita, com pormenores brilhantes.

Somente por ter todo um aspecto filme thriler-juvenil, em que os actores são um pouco desconhecidos e ainda a se afirmar, é tem uma nota um pouco mais baixa. (8.3/10)

PS: Frase do filme: "- Evan! Put that out, or you'll blow off both your hands! / -Been there, done that. "