sexta-feira, 15 de maio de 2009

Låt den rätte komma in AKA Let the Right One In




Låt den rätte komma in AKA Let the Right One In 7.9/10


Porque é que um filme parado, de baixo custo, com actores virtualmente desconhecidos, um assunto batido e, ainda por cima em sueco, é um bom filme?

Antes de mais, acho que há algo de assustador em crianças más, ou a cometerem actos maus. Desde o The Good Son, o The Omen, a Entrevista com o Vampiro ao Eden Lake, todos insinuam que a ideia de algo inocente fazer algo assustador, torna tudo ainda mais assustador. Este é a base em que este filme de vampiros se funda. E não me refiro só aos vampiros, algo que também é perturbante, mas a um ambiente opressor de "Bullying".
A amizade entre um menino e uma menina vulgar é o ponto de partida. As alusão 'vampirescas' vêm devagar e súbteis, obviando-se, ao longo do filme, nalgum ambiente de terror. Mas este filme é um drama. A fotografia denuncia-o, os silêncios denunciam-no. O modo de vida simplifica-se ás necessidades mais baixas, inclusivamente à necessidade de aceitação pelo outro. E esta razura das necessidades, torna o estado de vampiro mais primário e cru e logo mais credível.
Sem querer dar spoilers, posso dizer que quando terminei de ver o Låt den rätte komma in coloquei num canal qualquer e estava a dar o Blade. Um deles! A antítese não podia ser maior: efeitos visuais, efeitos sonoros, cor, drama (aka acção), maquilhagem tudo muito hollyodesco, por um lado; por outro, simplicidade, sobriedade, cores neutras, gore pontual e efeitos subtis que enquadram com beleza e arte, um tema tão feio.

Este é um bom filme porque é Sueco (e não produto de Hollywood), porque mostra um assunto banal, mas com uma faceta humana, primária e através de personagens invulgares, retratados por actores desconhecidos e, eles próprios, peculiares, mas nem por isso menos carismáticos, sem milhares de efeitos visuais desnecessários para transmitir o essencial e o que parece mais real (e assustador), e porque é no silencio e nas imagens bem idealizadas, que só desvela o que pretende, que vimos o que há de assustador no mundo real e no sobrenatural.

Apenas o título me intriga : Let the right on in? Deixa/em entrar o certo/escolhido?

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